Fevereiro. O confinamento e as temperaturas baixas podiam, aparentemente, ser a justificação perfeita para não se encontrar ninguém na nossa vinha. Pelo contrário, segue o trabalho, em segurança, num frio e num cenário que é sempre um privilégio. É tempo de poda no Vale do Távora.
Este é sempre um momento especial e de grande cuidado. As mãos experientes dos podadores preparam as videiras para a próxima colheita. A poda é uma monda antecipada dos cachos, em que importa perceber o vigor de cada planta e a carga que pode suportar, para que se deixem mais ou menos olhos, sempre em busca do equilíbrio pretendido, na qualidade da produção e na saúde da videira.
O conhecimento é, por isso, fundamental. Carlos Alberto, capataz na equipa de vinha da Kranemann Wine Estates, conhece as vinhas da Quinta do Convento de São Pedro das Águias desde os 12 anos de idade. Em Portugal, e no Douro em particular, é crucial saber preservar todo o património vitícola, nomeadamente, mantendo as vinhas velhas existentes, um recurso genético único que está na base de toda a qualidade e diferenciação. A mais antiga vinha na Quinta do Convento foi plantada em 1970 e é de onde, ano após ano, retiramos o nosso melhor tinto, o nosso “Gran Cru”.
O frio, que mantém as plantas na sua dormência de Inverno, é um grande amigo das videiras. Este momento de repouso, por outro lado, significa o momento ideal para que a poda se realize. Assim se prepara a vinha para que volte a rebentar, quando as temperaturas subirem. E assim terá início um novo ciclo vegetativo.