O sonho de Christoph Kranemann em se estabelecer enquanto produtor de vinho, outrora equacionado para a Austrália, encontrou na Quinta do Convento de São Pedro das Águias o palco com os argumentos perfeitos: a beleza agreste do Vale do Távora; um terroir único de altitude; o mítico Convento, com potencial para dar lugar a um hotel; e uma das mais modernas adegas do Douro, construída em 2007, incluindo um importante património de Porto nas suas caves. Mas Christoph Kranemann, enófilo, interessado por história, arquitetura e geologia, encontrou mais do que isso. Percebeu-o quando pediu à nossa equipa de enologia para proceder ao inventário dos vinhos existentes. Aí surgiram as surpresas, qual história de ficção, em plenas catacumbas do Convento de São Pedro das Águias... Entre barricas de Porto antigos, tintos e até brancos, apareceu então um amontoado de garrafas de um Douro, de cor dourada, bem evoluído. A primeira rolha aberta revelou algo de extraordinário na garrafa. A segunda, a terceira, a quarta e a quinta confirmaram que não era exceção. E a regra confirmou, aproximadamente, 2000 garrafas de um branco único, complexo, pleno de aromas terciários, e com uma acidez bem vincada. Um vinho untuoso e rico. Ou antes, uma relíquia, que se soube depois ter nascido de uma vindima de 1999, precisamente das vinhas velhas em frente ao convento.
Agora, cerca de 20 anos depois, o Quinta do Convento Branco 1999 é então lançado no mercado, pela Kranemann Wine Estates. “É uma edição especial, uma oportunidade de regresso ao passado, para uma viagem extraordinária pela expressão do terroir do Vale do Távora, que nos oferece vinhos de enorme qualidade e potencial de evolução”, explica o enólogo Diogo Lopes. “Encontrámos este branco em perfeitas condições de conservação, numa sala em plenas catacumbas do convento, fresca, escura e húmida, onde antigamente se faziam enchimentos e se armazenava vinho do Porto. Naturalmente tomámos a decisão de colocá-lo no mercado. É seguramente o vinho mais fácil da minha vida”, continua. A enóloga residente, Susete Melo, complementa: “Descobrimos estas garrafas quando chegámos à quinta e avançámos para a contagem de stocks. Ao princípio disseram-nos que já devia ser vinagre. Tratava-se de um vinho que uma anterior proprietária, a Madame Mordant, conhecida como a Senhora do Convento, tinha guardado para fazer uma parede decorativa que, afinal, nunca se ergueu. Foi engraçado ver as expressões de surpresa nas caras da nossa equipa quando se começou a provar o vinho. Fantástico.”