É uma espécie de ritual, cumprido a preceito pelos enólogos, Diogo Lopes e Maria Susete Melo. Fixa-se um dia, preparam-se as amostras dos vinhos em envelhecimento nas caves e não se prova mais nada. A ocasião é especial porque vão fazer-se os lotes (blends) dos Porto tawny que posteriormente serão engarrafados para seguir para o mercado. A arte do blending está envolta em mistérios e segredos. Cada casa de vinho do Porto tem as suas regras, em função dos perfis desejados, e assim os mantém geração após geração, graças a procedimentos e exigências verdadeiramente sagradas. E o master blender, o profissional responsável pela prova e elaboração dos blends, é o principal guardião dessa exigência.
O Vinho do Porto tem centenas de anos de história, mas também se atualiza, graças à dinâmica de cada projeto. É o que se verifica na Kranemann Wine Estates. O projeto nascido na mítica Quinta do Convento de São Pedro das Águias, em 2018, herdou um vasto património de Vinhos do Porto antigos, em estágio nas caves da adega. E é a atual equipa de enologia, composta por Diogo Lopes e Susete Melo, a responsável pela redefinição do perfil dos Vinhos do Porto aqui nascidos, observando uma máxima muito simples: procurar que os vinhos sejam uma expressão muito particular e genuína do terroir onde nascem; ou, de outra forma, que identifiquem essa identidade única que é a do Vale do Távora. Maria Susete Melo sintetiza. “O que nos distingue e o que pretendemos potenciar, em particular nos tawnies, é essa sensação de frescura e acidez que é tão particular no vinhos nascidos no nosso Vale do Távora. É isso que nos permite trabalhar o equilíbrio entre doçura e acidez. E creio que é por isso mesmo que os nossos primeiros tawnies, o Kranemann 10 e 20 Anos, estão a ser bem recebidos”, explica.
A prova e o blending é um momento de grande concentração. Sucedem-se os ensaios dos diferentes lotes e a consequente análise sensorial, repetindo-se uma e outra vez. A combinação de diferentes anos e diferentes cascos é um exercício de arte, com as mais diversas possibilidades.
“Por exemplo, uma determinada colheita pode marcar sobremaneira a doçura de um determinado vinho; se o que se pretende, precisamente, é esse equilíbrio entre doçura e acidez, então temos de o ir encontrar na combinação com outros lotes. Dentro deste espaço que o blend nos dá, estão sempre incluídas as diretrizes definidas pelo IVDP”, termina Susete Melo.
A maravilhosa aventura do blending segue dentro de momentos. A Kranemann Wine Estates continuará a potenciar o património de Vinho de Porto guardado, incluindo um branco antigo e, precisamente, na calha está um Porto Branco 10 Anos. Em breve também será conhecido um Kranemann Tawny 30 Anos, cujo lote já foi definido. Em segredo.