Setembro. Por excelência o mês da vindima no Douro. Na Kranemann Wine Estates, neste ano de 2021 a colheita iniciou-se no dia 10, com as uvas de Tinta Roriz a serem as primeiras a seguir para a adega.
A vindima no Douro é um momento sempre especial, carregado de simbolismo e tradição. A especificidade do terreno (vinhas dispostas em patamares e socalcos, em encostas íngremes e de difícil acesso) obriga desde logo a que se mantenha o costume antigo da vindima à mão, com muitas tradições que lhe estão associadas.
Seja nas vinhas próprias (existem muitos pequenos proprietários) ou na colheita para os produtores de maior dimensão, a vindima do Douro faz-se da experiência da gentes locais, muitas vezes famílias inteiras que se reúnem para a vindima e a tornam uma autêntica celebração, mantendo rituais, entoando cantigas e dizeres. Depois de uma manhã de esforço, o retemperador almoço em grupo é uma regra inquebrável.
Na Quinta do Convento de São Pedro das Águias, a principal propriedade da Kranemann Wine Estates, a equipa de vindima vai-se repetindo praticamente todos os anos. Casais, pais e filhos, a maioria pessoas da zona de Tabuaço, que dominam as vinhas no Vale do Távora como ninguém. A sua experiência é crucial.
Cada cacho é colhido com o máximo cuidado e, caso necessário, logo alvo de seleção. As uvas são colocadas em caixas de 20Kg e depois recolhidas por um pequeno trator, capaz de circular entre os patamares na encosta, em direção à adega - e que substitui as mulas e os carros de bois utilizados antigamente, para recolher os cestos de vime que os homens carregavam às costas, com cerca de 70Kg de uva...
A cada dia, a vindima arranca sempre bem cedo, com as temperaturas matinais mais frescas, propícias à manutenção da qualidade das uvas (interessa ao máximo evitar a oxidação). Importa também a agilidade de toda a operação, procurando evitar que a colheita possa ser afetada pelas primeiras chuvas que podem aparecer. E aí, ao contrário de outras regiões onde já é comum a vindima à máquina, muito mais rápida, no Douro subsiste a dependência da mão humana, que continua a definir o carácter heróico de toda esta viticultura.
Neste ano de 2021, a chuva fez-se sentir cedo, com alguma intensidade ainda na primeira metade de setembro, trazendo então mais um desafio à equipa de vindima, no sentido de entregar as uvas saudáveis e maduras à adega.