É um personagem apaixonante. A sua expressão genuína, sempre segura e divertida, define-o enquanto pessoa. É uma alegre força de trabalho, que coloca um enorme orgulho em tudo o que faz e diz. “Já fiz de tudo aqui na quinta, desde jardineiro a ajudante no armazém, aos trabalhos nas vinhas... comecei a vir com o meu pai, quanto tinha 12 anos. Sou nascido aqui em Távora e fui criado na Quinta do Convento de São Pedro das Águias!”
Apresentamos Carlos Alberto, 52 anos, o chefe da equipa que assegura todas as operações no exterior – vinha, olival, manutenção dos socalcos, tudo! É ele que acompanha e coordena o grupo diário. É ele que dá o exemplo.
“A máquina não para, não pode parar; temos que encher os palotes”, afirma. Estamos em plena campanha da colheita da azeitona. O Beto segura a máquina que faz tremer os ramos das oliveiras, substituindo o tradicional varejo, fazendo as azeitonas cair na manta estendida na terra. “Foi um bom ano, temos boa azeitona. Não há nada como chegar a esta fase e ver o bom resultado do ano de trabalho. Na vindima é igual. A colheita é o momento mais especial do ano”.
Carlos Alberto plantou muitas das oliveiras nas quais agora colhe a azeitona. E as vinhas mais recentes também. Ele vem do tempo em que a terra se lavrava com a ajuda de um cavalo. E ele é a verdadeira personalização daquilo que se designa como a “viticultura heroica do Douro”, protagonizada pelos milhares de anónimos que, todos os dias, ao longo de décadas, se lançam sem receio aos patamares destes vales. “Sempre foi um trabalho duro, mas que faço como se fosse para mim”, afirma, com um brilho nos olhos.
Cumpridas as primeiras horas de trabalho, a equipa faz a habitual paragem para um lanche matinal. Carlos Alberto, surpresa das surpresas, come apenas um iogurte. E qual terá sido o pequeno-almoço que lhe deu tanta força? “Ah! Isso é sempre uma boa sopa, daquelas bem consistentes, que aguentam a colher em pé. Uma sopa com tudo aquilo de bom que esta terra nos dá!”.
Muito obrigado Carlos! Pela força, entusiasmo e dedicação!