Ruby ou Tawny? Afinal, qual é a diferença?

02 julho 2025

O Vinho do Porto é um dos maiores tesouros da viticultura portuguesa, mas mesmo entre os apreciadores há, por vezes, confusão sobre as diferentes categorias — sobretudo entre Tawny e Ruby, os dois estilos mais emblemáticos. Ambos são vinhos fortificados – com a fermentação interrompida ao ser adicionada uma aguardente com 77% de álcool -, ambos nascem nas encostas do Douro e ambos contam histórias de tempo e tradição. Mas o que os distingue?

Ruby: juventude, cor e fruta

Os Portos Ruby são vinhos que privilegiam a expressão da fruta jovem. Após a fermentação, envelhecem em grandes tonéis de madeira ou em cubas de inox, onde o contacto com o oxigénio é reduzido. Este processo protege a cor intensa, entre o vermelho rubi e a cor púrpura, e mantém os aromas primários vivos — como cereja, amora, framboesa ou ameixa preta. No paladar, é geralmente encorpado, direto e frutado, com taninos presentes, mas suaves, ideal para quem procura vinhos energéticos e intensos.

Dentro da categoria Ruby, existem diferentes estilos, cada um com características próprias:

Ruby (Entrada de Gama): o estilo mais jovem e acessível, normalmente envelhecido durante cerca de 2 a 3 anos antes do engarrafamento. É fresco, simples e imediato, ideal para beber jovem. Excelente opção para cocktails ou para acompanhar sobremesas de chocolate.
Ruby Reserva: também conhecido como “Finest Reserve” ou apenas “Reserva”, apresenta uma seleção mais cuidada de vinhos base, com um estágio um pouco mais longo. Mantém a frescura e o perfil frutado do Ruby, mas com maior profundidade, concentração e persistência.
Late Bottled Vintage (LBV): um vinho de uma única colheita, envelhecido em madeira por um período entre 4 e 6 anos antes de ser engarrafado. É mais estruturado, com complexidade adicional e potencial de envelhecimento em garrafa. Existem LBVs filtrados (prontos a beber, não evoluem após o engarrafamento) e não filtrados (que beneficiam de decantação e seguem envelhecendo dentro da garrafa).
Vintage: o topo da pirâmide dos Portos Ruby. É produzido apenas em anos de excecional qualidade, com uvas de uma única vindima e envelhecimento de apenas 2 anos em madeira antes do engarrafamento. O resto da evolução acontece na garrafa, ao longo de décadas. É um vinho intenso, profundo e com um grande potencial de guarda. Precisa de ser decantado antes de servir e, uma vez aberto, deve ser consumido rapidamente (em 24 a 48h).
 

Temperatura de serviço e conservação

Os Ruby devem ser servidos ligeiramente frescos, entre os 14º C e os 16º C — o suficiente para realçar a frescura da fruta sem esconder a estrutura. No Verão, podem mesmo ir um pouco mais abaixo, sobretudo os mais jovens, que funcionam muito bem a temperaturas quase de vinho tinto leve.

Depois de aberto, o tempo de conservação depende do estilo:

Ruby Entrada de Gama e Reserva: podem manter-se em boas condições por 2 a 4 semanas, desde que guardados num local fresco e ao abrigo da luz, com a garrafa bem fechada.
LBV (filtrado): até 2 a 4 semanas após a abertura.
LBV (não filtrado) e Vintage: mais sensíveis ao oxigénio, devem ser consumidos num prazo mais curto, idealmente até 48 horas no caso dos Vintage, e 10 a 15 dias nos LBV não filtrados.

Sempre que possível, recomenda-se guardar as garrafas de LBVs e Vintage num lugar fresco e seco, e na posição horizontal de forma a permitir um envelhecimento uniforme e mais estável.

Tawny: o tempo como ingrediente

Já os Portos Tawny seguem um caminho diferente. Envelhecem durante mais tempo em pipas de madeira mais pequenas, onde o contacto com o oxigénio é maior. Este processo de oxidação lenta transforma o vinho: a cor torna-se mais alourada (daí o nome “tawny”) e os aromas evoluem para notas de frutos secos, caramelo, especiarias e madeira.

O resultado é um vinho mais delicado, elegante e complexo, que revela a sua história a cada gole. Nos Tawnys encontramos os mais jovens (3/4anos de idade), os Tawny Reserva (7/8 anos de idade), os de indicação de idade (10/20/30 e mais anos) e os Colheita produzidos num ano específico.

Para saber mais sobre este estilo, convidamos a dar uma vista de olhos no nosso artigo – Tawny Datados e Colheitas – Um Tesouro Envelhecido no Tempo .

Dois estilos, infinitas possibilidades

Ruby ou Tawny? Não há um melhor que o outro — há apenas o que melhor se adapta ao momento, ao gosto pessoal, à temperatura do dia ou até ao tipo de companhia. O Vinho do Porto é um mundo de diversidade e prazer, e a melhor forma de o conhecer é provando.